domingo, 31 de maio de 2009

Talvez se não tivesse tido aquele sonho e acordado no meio da madrugada suando,não beberia aquele copo d'agua e passaria o resto da noite em claro,e absorto em pensamentos,não iria me lembrar do que tinha que fazer.Talvez não saísse logo cedo,tão depressa a ponto de não recolher o jornal na frente de casa,talvez não estivesse com meias diferentes e o cabelo desarrumado,não teria escolhido ir de onibus ao invés de ir andando,não tivesse descoberto que o preço da passagem subiu e não teria ficado emburrado.Não teria tropeçado ao descer e nem teria desistido de continuar no meio do caminho.Talvez não estivesse sem dinheiro pra voltar e não seria obrigado a andar.Não teria te visto e minha noite não ganharia um significado diferente.

sábado, 9 de maio de 2009

"É este o problema com a bebida,pensei,enquanto me servia de um copo.Se acontece algo de mau,bebe-se para esquecer;se acontece algo de bom,bebe-se pra celebrar,e se nada acontece,bebe-se para que aconteça qualquer coisa"
(Charles Bukowski,Mulheres)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Marquês de Sade

Aos Libertinos
(texto do Marquês de Sade)

Voluptuosos de todas as idades e de todos os sexos é a vós apenas que ofereço esta obra: nutri-vos de seus princípios, eles beneficiam vossas paixões, e essas paixões, com as quais os frios e insípidos moralistas vos assustam, são apenas os meios que a natureza emprega para que o homem alcance as intenções que ela tem sobre ele; atentai apenas a essas paixões deliciosas; seu órgão é o único que vos deve conduzir à felicidade.

Mulheres lúbricas, que a voluptuosa Saint-Ange seja vosso modelo; desprezai, a exemplo dela, tudo o que contraria as leis divinas do prazer que a acorrentaram durante toda a vida.

Donzelas cerceadas durante um tempo demasiado longo nos laços absurdos e perigosos de uma virtude fantástica e de uma religião repugnante, imitai a ardente Eugênia; destruí, pisai, com a mesma rapidez que ela, em todos os preceitos ridículos inculcados por pais imbecis.

E vós, amáveis debochados, vós que, desde a juventude, não tendes outros freios senão vossos desejos nem outras leis senão vossos caprichos, que o cínico Dolmancé vos sirva de exemplo; ide tão longe quanto ele se, como ele, quereis percorrer todos os caminhos floridos que a lubricidade vos prepara; deixai-vos convencer ao seu ensino de que apenas ampliando a esfera de seus gostos e de suas fantasias, apenas sacrificando tudo à voluptuosidade é que o infeliz indivíduo conhecido como homem, e lançado a contragosto nesse triste universo, pode conseguir semear algumas rosas nos espinhos da vida.

Marquês de Sade. A Filosofia na Alcova. Tradução de Mary Amazonas Leite de Barros. São Paulo: Circulo do Livro, s/data.