segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Mudança faz parte da vida.É uma coisa pela qual o ser humano está um tanto quanto habituado e não tem como nem por que lutar contra as mudanças,que surgem das mais variadas formas e acontecem repentinamente ou não.Já havia passado muitas vezes pela experiência de notar mudanças em um espaço longo de tempo,quando se reflete sobre tudo que aconteceu e suspira no final,nesse caso a mudança acontece devagar e preguiçosamente e você só nota quando o vento sopra diferente sobre o seu rosto.
Mas meu questionamento central hoje não é esse,é exatamente o inverso.Quando a mudança surge de repente na frente dos teus olhos,aparece na porta da sua casa e te faz abrir os olhos.É quando você sente que está passando por algo,que vai alcançar alguma coisa mas só não sabe o que.Como se estivesse num quarto escuro e começassem a te levantar sem motivo,você não entende nada e só continua subindo sem rumo.Subindo pro céu,pras nuvens,pras estrelhas,para o nada.Se bem que nem importa,o deleite da subida já é o suficiente,a vertigem que sente ao olhar pra baixo é muito mais valiosa do que a sensação de dormir no início e só abrir os olhos no fim da viagem.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

"Sentaram-se os dois num dos degraus e ficaram olhando a noite.Fechavam-se as portas do teatro,apagavam-se as luzes do pórtico.Olívia encostou o diploma no olho esquerdo,à maneira de binóculo,fechou o olho direito e ficou a mirar o céu.
-Que estarão fazendo lá na Lua a esta hora?
Eugênio transformou também o diploma em binóculo e assestou-o para a Lua:
-Sabes o que estou vendo lá em cima?Uma moça e um rapaz que acabaram de ganhar seus diplomas e não sabem o que é que vão fazer com eles.
-Deixa disso.Na Lua não há diplomas.Sabes o que é que eu vejo?A moça está com um vestido emprestado.
Eugênio sorriu,fingiu graduar o binóculo:
-Olha,o smoking dele é alugado...
Era estranho...Julgava-se incapaz de fazer aquela confissão a quem quer que fosse.No entanto fazia-a espontaneamente à Olívia,sem corar,sem se sentir diminuído"
Olhai os lírios do campo,Erico Veríssimo

domingo, 2 de agosto de 2009

"E agora?"
É,foi o que eu me perguntei quando você passou e piscou pra mim,sem que eu esperasse...
Piscou,e não foi apenas uma piscadela...foi o ínicio ou a continuação de alguma coisa que estava guardada em mim e que eu não acreditei que eu iria assumir algum dia.
Me senti preenchida novamente,senti que pertencia a alguém.
Conseguia ouvir os grilos cantando de novo,prestava atenção ao colorido das roupas das pessoas e me sentia bem.
Mas...e agora?Não sei se você vai voltar,e não sei se quero que volte...
Poderia ficar sonhando sempre com aquele instante sem que me encomodassem,sonhando sempre com o que poderia ter sido,me manter numa eterna nostalgia.
Soa como algo covarde,mas para mim é bastante confortável...
Confortável apenas para alguém covarde,na realidade.Mas não deixa de ser confortável...